sábado, 26 de setembro de 2009

Hiperplasia prostática benigna

Dentre as doenças que afeta o idoso, a hiperplasia benigna da próstata (HPB) é uma das que causa maior desconforto e constrangimento, prejudicando a qualidade de vida.

É importante ressaltar que a HPB sintomática apresenta um curso cíclico com períodos de melhora e piora espontâneo. A taxa de melhora é de cerca de 40% com o placebo ou conduta expectante. Além disso, complicações sérias (retenção urinária, infecções urinária graves ou insuficiência renal) se desenvolvem em percentual pequeno de pacientes. Dessa maneira, o objetivo principal dos pacientes portadores de HPB é o alívio sintomático e a melhora na qualidade de vida.

I-PSS- O questionário de avaliação dos sintomas prostáticos mais conhecido foi desenvolvido pela Associação Americana de Urologia e posteriormente modificado com o objetivo de avaliar o impacto dos sintomas sobre a qualidade de vida dos pacientes. Este questionário foi adotado pela Organização Mundial da Saúde e difundido internacionalmente como Escore Internacional de Sintomas Prostáticos (International Prostatic Symptom Score: I-PSS).

O I-PSS é composto de sete questões a respeito dos sintomas urinários mais comuns. Para cada pergunta há cinco alternativas possíveis, que variam de acordo com a intensidade subjetiva dos sintomas na avaliação do próprio paciente. Desta forma, a cada alternativa recebe uma pontuação, que varia de 0 até 5, determinando, ao final das sete questões, uma pontuação somatória mínima de 0 e máxima de 35. O questionário prevê que o paciente responda � s questões sem o auxílio do médico assistente, utilizando-se de linguagem leiga e direta. As questões 2, 4 e 7 se referem aos sintomas que podem aparecer durante o enchimento vesical, chamados irritativos, ou seja, polaciúria (aumento do número de micções diurnas), urgência (vontade imperiosa de urinar, podendo até mesmo causar incontinência urinária) e noctúria (aumento do número de micções noturnas), enquanto as questões 1, 3, 5 e 6 se relacionam aos sintomas que podem ocorrer no esvaziamento vesical, ou seja, sensação de esvaziamento incompleto, intermitência (parar e recomeçar a urinar durante a micção), jato urinário fino e hesitação (fazer força para começar a urinar), respectivamente. A somatória final das respostas obtidas permite a classificação dos sintomas apresentados pelo paciente em leves (0 a 7), moderados (8 a 19) e intensos (20 a 35).

A história clínica deve incluir uma revisão do uso de medicamentos. Muitas drogas podem contribuir para os sintomas miccionais através de propriedades anticolinérgicas ou alfa-adrenérgicas. O exame físico deve incluir a palpação abdominal para excluir bexiga palpável e o toque retal fornece informações sobre o volume prostático e lesões suspeitas de malignidade. O fluxo urinário máximo (Qmáx) pode ser avaliado de forma rápida através medida eletrônica. O resíduo urinário pós-miccional pode ser medido por ultra-sonografia.

Tratamento

Existem várias opções para o tratamento da HPB. Apesar de a ressecção prostática transuretral (RTUP) ser o “tratamento padrão” nos casos avançados, nos estádios mais precoces uma abordagem livre de tratamento, somente de observação, é frequentemente defendida.

Quando os sintomas interferirem na qualidade de vida, um número expressivo de pacientes com HPB estádios I e II precisam de tratamento clínico. Para isto existem várias categorias de drogas disponíveis: os inibidores da 5-a-redutase (p. ex.: finasterida) que atuam sobre o metabolismo dos androgênios da próstata, inibindo significativamente a formação de diidrotestosterona (DHT). Sua desvantagem está na redução considerável dos níveis de PSA em 50% do seu valor, importante no diagnóstico de neoplasias prostáticas e no fato de poder causar prejuízo na ereção. Outra categoria é a dos a-1-bloqueadores seletivos da próstata (p. ex.: prazosim, terazosim, alfuzosina) que agem rápida e eficazmente nos receptores a-1-adrenérgicos prostáticos, mas em decorrência de seu efeito hipotensor, eles podem acarretar problemas, especialmente nos idosos. Em adição a estes agentes, extratos de plantas (Prunus africana, Populus tremulus, Pygeum africanum), particularmente o extrato lipidoesterólico da Serenoa repens, têm sido usados já há algum tempo no tratamento da HPB. Para estes produtos foram sugeridos vários mecanismos de ação, por exemplo, foi demonstrada inibição de ambos os tipos de 5-a-redutase, e um efeito sobre a formação do edema prostático. Presume-se que estes produtos tenham uma ação multifatorial.

Atualmente, existem várias opções de tratamento que são menos agressivas que a RTUP. Podemos citar a incisão transuretral da próstata que pode ser empregada em próstatas menores que 30g. A eletrovaporização da próstata consiste no uso de corrente de corte de maior intensidade que a normalmente empregada na RTUP. No entanto, sua restrição está no tratamento de próstatas muito volumosas. O uso do laser para tratar HPB foi recebido com grande entusiasmo. No entanto, os custos envolvidos, o uso prolongado de sonda vesical e a presença de sintomas miccionais pós-operatórios persistentes por longos períodos inibiram sua aceitação mais ampla

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