O comprometimento da saúde bucal afeta a saúde geral, podendo comprometer a nutrição, a fala e o bem-estar físico e social. Sabendo que o processo de envelhecimento predispõe ao desenvolvimento de cáries, doença periodontal e alterações das diversas estruturas que compõem o sistema estomatognático, a Odontologia exerce papel fundamental na equipe multiprofissional em Geriatria e Gerontologia.
Algumas condições comuns como o uso de próteses, de medicamentos, do fumo e as doenças sistêmicas predispõem ao surgimento de lesões e/ou alterações na cavidade oral. Algumas das mudanças mais evidentes são: atrofia do tecido epitelial da mucosa oral, perda da elasticidade e diminuição da espessura, tornando-a mais suscetível a lesões; câncer bucal; alterações linguais como a lisura, a perda das papilas filiformes e variculosidades sublinguais; xerostomia; dentes com coloração extrínseca e/ou intrínseca, atrição, abrasão e cárie radicular; mudanças no cemento e no osso alveolar, acompanhando o restante do esqueleto; redução no número de papilas gustativas; e alterações no desempenho motor (menor eficiência dos músculos da mastigação e prolongamento da fase oral da deglutição).
Uma avaliação odontológica satisfatória inicia-se com um bom ambiente e boa comunicação. O profissional deve eliminar ruídos, sentar em frente ao paciente, falar claro e devagar, ser atencioso e apresentar uma mensagem de cada vez. Os impressos devem ter letras grandes e o consultório deve estar adaptado para facilitar a circulação do paciente.
A anamnese deve conter informações que determinem o grau de autonomia e capacidade funcional, pois eles dão informações sobre o estado de saúde e a capacidade do paciente de manter uma boa higiene oral. Para o paciente geriátrico, é importante anexar ao prontuário, um questionário suplementar: a Ficha Suplementar ao Prontuário Odontológico Usual (FS-POU). Ela tem como objetivo classificar a dependência do paciente, determinar cuidados especiais no seu manejo, conhecer necessidades individuais para a higiene oral, detectar alterações de ordem geral e promover o encaminhamento a outros profissionais.
O profissional deve obter o motivo principal da consulta, questionando paciente e cuidador, e usar estratégias para conseguir informações corretas (evitar que superestimem ou minimizem a queixa). Quanto à história dental, o dentista deve investigar intercorrências em tratamentos odontológicos prévios (como alergias, desmaios, sangramentos), analisar o último exame radiológico e questionar sobre a existência de hábitos nocivos, o uso de tabaco e sobre os atuais cuidados preventivos. O profissional em Odontologia deve obter também a história médica do paciente, contendo doenças existentes, alergias, medicamentos em uso atual, hospitalizações pregressas e suas causas. Com isso, evita-se colocar o atendimento odontológico em situação de emergência. A história psicossocial e econômica é importante em qualquer avaliação do paciente geriátrico e inclui questões sobre insegurança, depressão, ajustamento às novas mudanças etc. A história familiar deve conter doenças de transmissão genética.
Um exame físico completo deve ser realizado em todos os pacientes, incluindo sinais vitais (pressão arterial, pulso, temperatura e respiração), estado mental e nutricional e exame extra e intrabucal. O exame das próteses constitui parte importante da avaliação e deve-se atentar para sua funcionalidade, estética e conforto, avaliando as condições do aparelho e as alterações teciduais associadas ao seu uso.
Os exames complementares que podem ser utilizados em Odontologia são: radiografia dental (indispensável para a identificação da maioria das alterações), tomografia computadorizada, teste elétrico e exames laboratoriais. Para a obtenção do risco cirúrgico, deve-se comunicar com o médico do paciente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário